sábado, 19 de junho de 2010

no trem

de pé tentando ler, o trem chacoalha tanto que embaralha tudo. O cara sentado na minha frente leva uma enorme assadeira no colo, coberta por um pano de prato – fiquei com vergonha de perguntar o que levava ali. Mas ele me conta uma história: um dia vinha com muito sono e acabou e dormindo no banco, encostando-se meio sem querer num cara que também dormia. Sem problemas, estava bom para os dois. Então, em algum momento ele se virou para o outro lado e deve ter aberto o olho. Um outro tipo, muito mal encarado, vira-se e pergunta: “Tá olhando o quê?” Ele nem entende o que se passa, quando o “amigo” encosto assume a sua defesa e diz: “Ele não tá olhando nada, que ele tava bem dormindo aqui”. Começam a discutir, o meu interlocutor no meio da briga sendo a razão dela, a coisa vai esquentando até que a porta do trem se abre numa estação. O novo amigo simplesmente pega o mal-encarado pelo colarinho e o joga na plataforma. O trem fecha as portas e, diante da perplexidade do meu interlocutor, o encosto-defensor afirma: “E tu dorme aí”. Sendo imediatamente obedecido, os dois se encostam novamente e a paz volta a reinar no vagão.
Ouvir essa história foi muito melhor do que ler.
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