domingo, 12 de junho de 2011

copabacana

Morei em Copacabana com uns 8 anos de idade. Tínhamos chegado ao Rio, vindos do Peru, onde morávamos em uma casa ampla com vários quartos, jardim, árvores. Aqui, ficamos inicialmente 9 pessoas em um apartamento minúsculo (pai, mãe, 6 irmãos, com idades entre 1 e 11 anos, e uma babá). Era um inferno. Mas como tudo sempre pode piorar, chegou o verão. Não sabíamos o que era morar confinados em um apartamento, e desconhecíamos que era possível um calor como o daqui. Essa é a lembrança de infância.
Hoje, Copacabana é, pra mim, um dos bairros que melhor retrata o caos e as maravilhas da grande metrópole que é o Rio de Janeiro: ruas intransitáveis, ônibus superlotados, formigueiro de gente nas calçadas, barulho. E lojas, restaurantes, cursos, serviços,  atrações. E gente de todas as partes do mundo, de todos os níveis econômicos, falando mil línguas, reunida em múltiplas atividades. Um caldeirão multicultural. E ao mesmo tempo, a natureza aberta, manifesta em sua exuberância, garantindo seu espaço livre dos paredões.
Hoje em dia frequento pouco. Mas quando vou, acho bem bom me misturar a esse mar de gente. Uma sensação de estar no mundo, sem fronteiras. Ali, como diria Maurineide: “Ali tem de um, tudo. Êta, mundão sem porteira!” 
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domingo, 5 de junho de 2011

só pensando...


Então, daquela interessante discussão sobre a infeliz declaração do Lars Von Triers, já extrapolando, fiquei pensando sobre o quê, daquilo que fazemos ou falamos, é preciso conter, tentando ser delicado e não ferir os outros, e aquilo que, sim, exige coragem e precisa ser expresso, e, nesse caso, é o outro quem tem que ouvir, tem que saber aguentar. E conter, por sua vez, sua vontade de reagir. Difícil, né? Se já é complicado nas ações e relações cotidianas, mais ainda quando a gente entra no terreno das artes...
Sou artista, a favor da total liberdade artística, mas isso não me impede de pensar nos dilemas que isso pode criar, porque o próprio conceito de arte é cultural (tô sendo redundante? Não, acho que não) e dinâmico. Quero dizer é que, neste mundinho globalizado e ao mesmo tempo fragmentado por muitas culturas, o que eu considero arte – e, portanto, campo de liberdade plena – pode não ser considerado como arte por algum fanático, seja de que tipo for. Aí ele pode se sentir no direito de “não ter que aguentar”...E aí, sei lá. 
(quero pensar/escrever mais sobre isso, continuo depois...)
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quinta-feira, 2 de junho de 2011

líquidos


Nuvens não são esferas
Montanhas não são cones
Litorais não são círculos
A casca não é lisa e
Nem o relâmpago viaja em linha reta.
Benoit Mandelbrot


Há um mundo que desmorona. Não são só os países árabes. Nem só a Península Ibérica. Ou mesmo a União Europeia. O Japão, nem se fala. Tudo o que algum dia foi sólido, hoje se liquefaz. Se tiver alguma boia ou colete salvavidas, pegue. Assuma a direção do seu barquinho, a viagem será longa. 
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