quinta-feira, 8 de abril de 2010

cadê?

A chuvarada da segunda-feira me pegou na hora em que estava saindo de casa – e por que não me liguei no sinal? Logo na esquina da pracinha o táxi na curva deu aquela espraiada de água suja e me molhou inteira...
Na descida na Lagoa-Barra já não se via nada, tanto que errei o ponto e andei muito mais, em plena chuva atravessando verdadeiras lagoas – uma barra, mesmo. Haja persistência – ou teimosia, sei lá. Com o tênis e as meias completamente encharcados, provavelmente alguns peixinhos, assisti aula durante 3 horas. O incrível é que houve aulas e foram boas, viva a PUC (ainda bem, porque eu já me preparava pra rodar a baiana!...).
Mas na volta, santo deus. Eram uma 22:30h, tudo parado na praça do Jóquei, carros atravancados não iam nem pra frente nem pra trás, os que podiam davam ré e pegavam uma contramão pra sair dali de qualquer jeito. Alguém saiu do carro gritando e no primeiro momento parecia que tinha perdido o filho: “Cadê o Eduardo? Cadê o f. da p. do Eduardo Paes?” A gente olhava a confusão e ria, mas a desgraça era muita e fui ficando aflita, até que apareceu uma mulher que vinha a pé desde a Lopes Quintas e ia pro Leblon. Peguei uma “carona” a pé com ela, era ao menos uma companhia pro meu medo de andar sozinha naquela hora na chuva – se já é perigoso normalmente, nesses momentos tudo vira terra de ninguém e salve-se quem puder.
Bem, minha acompanhante era uma empregada doméstica muito simpática, pude chegar na Av. Ataulfo de Paiva e pegar um ônibus 157 pela Lagoa. Fiquei na dúvida, será que a Lagoa também...? Mas era o que tinha, não dá muito pra ficar escolhendo. Bendito 157, levai-me pra casa. Entrei e feliz descobri que tinha um coleguinha do curso. Viemos conversando e lembrei que éramos, mesmo, muito felizes, porque imagina só se você está sozinha no seu carro enfrentando a tormenta, com o risco do carro morrer ou sair boiando, de entrar água dentro ou de cair uma árvore em cima? Hein? Ou se você está de táxi e tudo isso também pode acontecer, mas com o agravante do taxímetro rodando, olha o estresse. E se você desiste e sai do táxi, vai pra onde? E se você continua, no fim tem que pagar aquela fortuna, porque nós ficamos hooooras parados na Lagoa. Bem, agradeci a deus por estar dentro de um ônibus que atravessou incólume todos os alagamentos, e mais uma vez com uma ótima companhia.
Mas aí a pressa de chegar em casa foi o canto da sereia que me trouxe a brilhante ideia de descer no posto do Humaitá e tentar um táxi pelo Túnel Rebouças. “Ô, minha senhora, que Rebouças, o quê, o túnel tá fechado, ninguém tá querendo rodar mais não, arrisca perder o carro...”
Bem, corri atrás de outro ônibus, agora era um lindo 584, normalmente raro porque vem pras bandas do Cosme Velho. E nele atravessei Voluntária outros grandes mares, agora em silêncio que também já era quase meia-noite. Mas ao passarmos pela Real Grandeza não resisti, caí na gargalhada sob o olhar assustado do trocador – quem é essa louca? “Olha só o nome da rua, e olha só a verdadeira lambança que está isso: um rio de lama com um monte de porcaria de plástico boiando, puro esgoto e terra.” Botafogo inteiro era botanojo.
Afinal saltei nas Laranjeiras e já saltitante por entre as muralhas de lama caminhei a Glicério na esperança de algum táxi. Claro que nada. Subi os 112 degraus da minha escadaria e mais a subidinha da ladeira, entrei em casa torcendo pra ter luz – aqui sempre falta... – entrei no banho glorioso e à meia-noite e meia me pendurei no varal. Só depois eu soube, teve gente que virou a noite, teve gente que perdeu casa, teve gente que perdeu gente. Que merda. Cadê o Eduardo e todos os outros?
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