domingo, 20 de março de 2011

uma Clarice dadivosa?


Eu esperava no ponto. Veio um outro ônibus, parou e logo recomeçou o movimento.  Um pouco mais à frente uma moça corria desajeitada para pegá-lo. O motorista, um branco careca, atarracado e usando óculos, sorriu bonachão. Parou, esperou que ela entrasse. Logo que retomou seu curso, uma outra senhora com sacolas se arrastava como uma pata, mirando o coletivo com a esperança dos sem saída. O motorista mais uma vez sorriu, mais uma vez parou e levou mamãe ganso com suas compras.
Dizem que é proibido parar fora do ponto. Já eu, naquele instante, amei aquele homem. Juro, fiquei com vontade de dar para aquele motorista. Não por fome. Não por carência, nada disso. Mas por pura reciprocidade.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Nenhum comentário: