terça-feira, 24 de março de 2009

surpresa

Aconteceu que as duas garotas tomavam café na lanchonete e o Seu Nestor, ao tirar o celular do bolso, deixou cair a camisinha. Teresa viu a embalagem quadrada reluzindo no chão. Assombradísima, olhou prá cara do velho – ora, não tão velho, estava entre os 60 e os 70 - que falava distraído ao telefone. Meio semgraça, Teresa cutuca a amiga, talvez prá perguntar o que deveriam fazer. Luzia não entende nem o sinal, nem as piscadelas, nem os movimentos de queixo. Luzia só toma o seu café.
Em pleno shopping, a embalagem azul metálico contrasta com o piso branco de mármore, chamando a atenção de todos os que entram: alguns riem, olham em volta, procuram o dono ou a chance de compartilhar o inusitado, outros ficam constrangidos, fingem ignorar. Uns pulam, outros dão a volta; há ainda os que recuam e mudam de direção. Seu Nestor, completamente aéreo, desliga o telefone. É a balconista que, sem acreditar muito no que vê, resolve a situação: dá a volta no balcão e vem pegar o preservativo.
A Teresa não resiste: Tá fechada ?
A balconista, sorrindo esperançosa: Tá, novinha.
Pensativa, guarda o envelope no sutiã.
À noite, avistando o Zé Miguel na subida de casa, deixa cair a camisinha. Finge que ri, chama a atenção dele, apontando.
Ela: Ói, Zé, não pisa ! Ocê sabe lá o que é isso ?
Zé: Ué, sei, sim.
Ela: E ocê sabe usar ?
O Zé sorri de orelha a orelha, nem precisou responder.
À mesma hora, o coitado do Seu Nestor passa um aperto feio. A moça seminua à espera, o efeito visível da pílula azul, ele apalpa os bolsos, revira a calça, a camisa, as meias, os sapatos. Nada. Mas, como ?!
Ô, Teresa ! Não podia ter avisado ?

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Um comentário:

Anônimo disse...

ahahha! Muito bom Ve! Adorei o modo que vc escreveu a história. Arrasou! Eu vi a cena.rs