terça-feira, 25 de março de 2008

tempo

Vinha eu muito contentinha porque afinal, tinha conseguido colocar este blog no ar. A quantidade de informação na rede é tanta que o Google demorou umas 3 semanas prá perceber que o palavraponte existia.
Muito bem.
Subia tranquilamente a ladeira, comemorando, quase cantando, quando dei de cara com ela. Um susto. Logo hoje. A gente demora prá acreditar no que está vendo. Pois lá estava, na minha frente, a poucos metros da porta de casa. Me lembrei das aulas de física: problemas sempre perguntavam em que instante, ou qual a velocidade, ou em quanto tempo, ou em que posição... E a pergunta agora era: quanto tempo uma bala perdida demora prá chegar até você ?
Por sorte, estava quieta, deitadinha na calçada. Curiosa, sucateira que sou, eu me abaixo, pego, aperto na mão – é resto de um disparo, calibre 38. Pesa. É de verdade. A morte é de verdade. A guerra um dia passa mais longe, no outro dia, mais perto. Mas ela é diária. Por mais que a gente tente esquecer, tocando a vida, fazendo planos. Ela está lá, ela está aqui, na minha porta, na minha calçada. É só uma questão de tempo.
É transtornada que entro em casa. Ponho a bala de pé, em cima da mesa. Prá quem teria sido dirigida ? Nesta rua ?... Mas então lembro de uns versos que demorei muito a entender: “Não perguntes por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti.”
Muito bem.
Toca a correr e fazer e escrever e viver tudo o que é preciso, antes que qualquer coisa aconteça, antes que alguma coisa nos impeça. Em todo caso, bala perdida ou não, a vida é só uma questão de tempo.

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2 comentários:

PDIAZ disse...

mto lindo. e temeroso... melhor bala doce q perdida... ou achada. bjao!

Alex disse...

Graças a Deus que existe você para contrabalancear o peso da bala com palavras boas de se ler. Se a bala era perdida agora foi encontrada pela sua poesia!
E o tempo ....quanto falta para vires aqui tomar um café?
Mil beijos.
Saudades